Olá a todos :)
Sei que estiveram à espera muito tempo por novos textos, mas essa espera acabou !!
A partir de agora, e durante os próximos dias, poderás ler aqui e em EXCLUSIVO, uma "história", que escrevi há algum tempo, e que decidi publicar agora!
Decidi chamar "VIDA(S)" e aqui está a primeira parte! Espero que gostem, e se quiserem deixem comentário no final ;)
Esta é a história de um
rapaz chamado Martim, que tinha um sonho: poder falar.
Martim nascera há 17 anos, fruto de um amor
proíbido. A mãe, filha de gente rica, engravidou do mordomo, mas por serem de
classes sociais diferentes, a relação nunca foi aceite pelos pais! Martim,
quando nasceu, foi deixado aos cuidados do pai.
Mais tarde, o pai de
Martim refez a sua vida com outra mulher, que também já tinha um filho, fruto
de um casamento falhado.
A relação de Martim com
o seu meio – irmão sempre foi muito alegre e sem problemas. Mas, quando Martim
completou o seu 5º aniversário, foi vitima de um grave acidente de viação, onde
o seu mei – irmão acabou por falecer. Devido ao trauma do acidente, Martim perdeu
a fala a desde dai que nunca mais foi o mesmo!
Martim é um rapaz de cabelo liso e preto, olhos
azuis, alto e usa óculos. Adora jogar computador, mas a sua grande paixão é a
arte de desenhar. Sempre que acontece algo marcante na sua vida, ou até mesmo
quando precisa de desabafar, é no desenho que vê a sua forma de “sobrevivência”. É através do seu bloco de notas que consegue
comunicar com o mundo.
Actualmente está a tirar um curso de Ciências e
Tecnologias em Viseu. Apesar de gostar de desenhar, decidiu seguir este curso,
para que assim os seus pais pudessem ter orgulho dele.
Mas o que os pais queriam mesmo era que Martim
seguisse Letras, pois ambos são Advogados. Trabalham juntos no mesmo
escritório, após se terem tornado sócios duma empresa que decidiram abrir
juntos.
Vive com os seus pais em Viseu, num bairro muito
tranquilo, onde ele é a única pessoa da sua idade a viver ali.
As pessoas daquele bairro ou são pessoas de idade,
ou pessoas solitárias que ligam demasiado ao trabalho e que mal têm tempo para
conviver com outras pessoas. As casas que são ligadas à de Martim estão para
venda, pois os seus inquilinos já tinham falecido há algum tempo. Naquele
bairro ninguém fala com ninguém, daí haver tanta tranquilidade.
Devido a este problema de fala, Martim perdera
todos os seus amigos. Naquela altura ninguém queria ser amigo de uma pessoa que
não conseguia falar.
Os anos foram passando e lá se foi confortando com
o facto de não ter amigos, e foi vivendo a sua vida com muita amargura e
tristeza.
Martim não suportava chegar todos os dias à escola
e ser sempre olhado de lado por todos, sempre a levar com bocas do género “Ali
vem o mudo” ou “Silencio que eu quero ouvir o mudo”. Por isso, pediu aos pais
para mudar de escola:
- Achas que vale a pena esse esforço Martim?
Martim, que se fazia sempre acompanhar do seu
bloco de notas e uma caneta, escreveu:
NUNCA TIVE TANTA CERTEZA DISTO PAI. NESTA ESCOLA A
MINHA VIDA JÁ NÃO FAZ SENTIDO, TENHO DE SEGUIR EM FRENTE. ESTOU FARTO DE SER
GOZADO.
O pai respondeu:
- Eu compreendo filho, mas como este ano lectivo
está a chegar ao fim, vamos então esperar e depois mudamos-te de escola, para
não prejudicar os estudos. Pode ser?
Martim acenou com a cabeça em tom de afirmação.
Os dias passavam, e as humilhações continuavam,
até que finalmente chegou o último dia de aulas. Martim apareceu radiante e
alegre na escola (pois seria o ultimo dia que iria ver a cara daqueles
coitados). Os seus colegas de turma, como nunca o tinham visto assim, começaram
a com as bocas do costume:
- Olha olha, não sabia que o mudo também sorria!
- Ya, Se calhar deve ter aprendido uma palavra
nova, ah desculpa, tu não falas ne? - E toda a turma se começa a rir.
Foi neste momento que Martim, num acto desesperado
e ao mesmo tempo tão aguardado, puxou a mão atrás e a levou com toda a sua
força à cara do rapaz que estava a gozar com ele inicialmente. Ficou toda a
gente a olhar para Martim. Nunca o tinham visto a fazer aquilo.
Envergonhado, Martim sai da escola a correr em
direcção a casa, muito aflito com o que acabara de fazer, a pensar naquilo que
tinha feito:
“Será que foi a atitude mais correcta? A verdade é
que ele mereceu. Mas tenho medo das consequências. Será que estou a mudar por
causas deles? Não quero ser igual a eles. Não posso ficar igual a eles. NÃO
POSSO!”
Perdido nos seus pensamentos, Martim choca sem
querer com a sua nova vizinha (que se tinha acabado de mudar para Viseu)
deixando cair um caixote cheio de coisas embrulhadas em papel de jornal no meio
da rua.
Valentina, a nova vizinha, disse:
- Desculpa, não te tinha visto, ‘tás bem?
Martim ajudou a arrumar a caixa que tinha virado
e, quando se ergue, ficou perplexo a olhar para a sua vizinha.
Nisto, Valentina pega na caixa que Martim tinha
acabado de apanhar, e diz:
- Mas para a próxima também tens de ter um pouco
mais de cuidado. Ainda te magoo a sério.
Sem saber o que fazer, Martim desata a correr
outra vez para sua casa e tranca-se no seu quarto a pensar naquele momento tão
estranho que tinha acabado de viver. Martim nunca tinha visto uma menina tão
linda e tão bela a olhar, e até a falar para ele. Ficou sem reacção.
Pegou no seu caderno de desenhos e começou a
desenhar sem parar.
Mais tarde, e já reposto daquela situação, decidiu
espreitar pela sua janela, que tinha vista para a casa dos novos vizinhos. Quem
era aquela rapariga e o que fazia no seu bairro? Era a dúvida que Martim não
conseguia tirar da cabeça.
Valentina estava com os
seus pais a acabar de descarregar o camião das mudanças, mas todos com um ar
muito irrequieto e ansioso.
Será que era por estarem a mudar de casa? É que se
era, Martim nunca tinha visto ninguém assim.
E foi quando o rapaz deu conta que aqueles seriam
os seus novos vizinhos.
...
(Continua...)
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