Saio de casa bem cedo, ainda o sol está a nascer. Tenho de ir para o trabalho, passar o dia numa correria, de um lado para o outro, sem parar. Almoço em cinco minutos e volto para a mesma rotina, sem descansar. O dia chega ao fim, pego no carro e volto para casa, já de noite. Só me apetece descansar. Abro a porta, acendo a luz, e dirijo-me ao sofá. Sento-me. Quando dou por mim, olho para o lado, e vejo duas pessoas a falarem. Não consigo reconhecê-las porque estão de costas. Até que.... Olha, somos nós. Estamos a falar no jardim onde nos encontrávamos todos os dias, depois das aulas. Que saudades desses tempos. Não consigo perceber a conversa, mas lembro-me perfeitamente do odor, do cheiro que pairava no ar naquela primavera solarenga. Belos tempos! Levantas-te com um sorriso na cara, e vais embora, e eu fico ali sozinho a olhar para ti enquanto caminhas e vais desaparecendo do meu alcance. Olho para o outro lado para ver se te avisto novamente, mas tudo se